terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

cartas para bia.

Sob o ombro humilde de minha amiga, eu chorava desesperadamente, no auge da minha crise bipolar. Respiro, ofegante, e ela recita:
- Calma, vai ficar tudo bem.
E entre palavras engasgadas, retribui seu sorriso e agradeci:
- Obrigada.

Lembro-me vagamente de uma manhã em que discutíamos a modernização das palavras, todas digitadas. E eis que ela propõe:
- Escreva cartas todas as manhãs
Foram muitas cartas escritas, todas de frases sábias, guardadas no fundo de uma caixa. Além disso, dentro desta caixa existem inúmeras histórias, que só são visíveis às testemunhas de cada dia de nossa amizade.
Já brigamos também, muitas vezes com o silêncio, mas isso machuca mais do que qualquer palavra. O bom de brigar, era lembrar o quanto é bom fazer as pazes novamente.
As pessoas vão e vem, em constante ciclo. Aqueles que realmente ficam não precisam ficar de corpo, mas permanecem em nosso coração.
Há dois meses ela me ligou, me avisando que iria para Nova York. Pois bem, moça, "Tome estas asas quebradas e aprenda a voar. Toda sua vida você estava aguardando esse momento para voar".

Boa sorte, e lembre-se: quer eu queira ou não, você sempre fará parte de mim, melhor amiga.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

obra-prima.

Eu pinto o vazio do céu, criando as estrelas, tento preencher as linhas imaginárias reconstruo o que já foi uma obra-prima. Crio e recrio o impossível, dando um ar artístico à noite.
Ele me olhava com admiração, suas pupilas dilatavam com a excitação em seu olhar brilhoso. Eu pego um lápis qualquer jogado no chão e começo a desenhar, prestes a criar minha obra-prima imaginária. Finalizo minha arte com a minha assinatura no céu, a lua. Ficamos ali a noite inteira, brigando com as palavras e inventando novas cores. Mas aí vem o sol, e apaga nossa obra-prima por alguns segundos. Meu pequeno, melancólico, começa a chorar. Mas eu aponto para o céu, avistando a lua chegar, reconfortando-o:
- Calma, tem mais uma noite vindo.